quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O julgamento de Galileu

Galileu Galilei foi julgado por heresia! Sim, é verdade. Contudo, será que conhecemos a fundo a história do julgamento de Galileu?

Na verdade, os registos do julgamento de Galileu existem e já foram estudados. O que aconteceu, muito simplesmente, é que Galileu, depois da acusação que lhe foi feita, apresentou um documento que provaria a sua inocência de forma conclusiva. Posto isto, o julgamento foi imediatamente suspenso. No entanto, no dia seguinte, Galileu confessou a sua culpa. Porquê?

Galileu Galilei

O julgamento de Galileu é semelhante ao julgamento por crimes de guerra do general japonês Hideki Tojo, a seguir à Segunda Grande Guerra. O plano americano era o de retratar o imperador Hirohito como ignorante correia de transmissão dos poderosos senhores da guerra japoneses. Ora, o povo japonês fora endoutrinado a acreditar que existia para servir o imperador, símbolo máximo do Japão. Ao lançar as culpas dos crimes cometidos pelas forças armadas japonesas sobre os senhores da guerra, o imperador poderia escapar à responsabilidade, e os americanos poderiam governar o Japão através dele.

Hideki Tojo

Meio século depois, existem dados suficientes para demonstrar que Hirohito tinha conhecimento e dava a sua aprovação ao que o exército fazia. Mas se estes dados tivessem chegado ao povo americano, este teria exigido que Hirohito fosse também ele julgado por crimes de guerra, deitando a perder o plano do poder americano.

No seu julgamento, Tojo comentou: "É claro que o imperador sabia o que nós, generais, andávamos a fazer." O tribunal foi então imediatamente suspenso. No dia seguinte, Tojo testemunhou que o imperador era mantido na ignorância relativamente aos crimes de guerra do exército. É quase certo que um advogado americano disse a Tojo que, se ele testemunhasse que o imperador sabia e aprovava os crimes de guerra, seria também ele julgado e seria provavelmente sentenciado à morte por enforcamento.

O que quer que dissesse, Tojo seria condenado, mas se testemunhasse que o imperador não sabia de nada, este salvar-se-ia. Tojo era japonês leal, ensinado a servir o imperador. Mentindo sob juramento, conseguiria proteger a quem tinha jurado proteger, o seu imperador.

Galileu, por seu lado, era um católico fundamentalista. Se um dominicano lhe dissesse em privado que a imagem da Igreja seria prejudicada se ele protestasse a sua inocência, confessar-se-ia culpado da acusação de heresia, a qual neste caso significava que desobedecera a uma ordem para não discutir a teoria de Copérnico.

Confessou-se culpado desta acusação menor e sofreu um esgotamento nervoso quando foi sentenciado a prisão domiciliária perpétua. À vista dos factos, todo o mundo teria sido mais bem servido caso ele tivesse provado a sua inocência. A importância da visão cristã do mundo para a ciência teria sido apreciada por todos.

Texto adaptado de "A Física do Cristianismo" de Frank J. Tipler

2 comentários:

  1. Não conhecia esta teoria. Mas até é aceitável.
    Parabéns pela demonstração,

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigado pela referência. Depois de uma leitura cuidada, penso que seja um pormenor a ter em consideração. Um abraço.

    ResponderEliminar